FABIO GRANER E BEATRIZ ABREU
O governo estuda a viabilidade de promover uma nova rodada de adiamento do recolhimento de tributos. O assunto foi colocado por empresários paulistas ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, na última sexta-feira, em reunião na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Os empresários consideraram que o adiamento já concedido no início do mês passado foi positivo, mas insuficiente diante da dificuldade das empresas em obterem capital de giro neste momento de crise financeira internacional.
No início do mês passado, o governo anunciou a ampliação em dez dias no prazo do recolhimento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do PIS/Cofins, que continuou a ser recolhido no mesmo mês. Os empresários queriam um adiamento de pelo menos 15 dias. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro, propôs na época que o governo concentrasse o recolhimento de tributos no dia 30 de cada mês, o que daria um fôlego maior para as empresas, especialmente às que utilizam muito o crédito, produto escasso no mercado.
O governo ainda não decidiu se fará um novo adiamento. A Receita Federal sempre é resistente a esse tipo de medida. Por outro lado, o setor público conta este ano com uma certa folga fiscal, já que no acumulado dos últimos 12 meses o superávit primário - economia para o pagamento de juros da dívida - estava em 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB), acima portanto da meta de 4,3% do PIB -, que já inclui os recursos para o Fundo Soberano.
O empresariado cobra pressa do governo na execução das medidas. Segundo uma fonte presente à reunião, foi dito que, nesta crise, o tempo de um mês equivale a um ano. Nesta semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará encontros com empresários para tentar tomar pulso sobre como eles estão percebendo a situação da economia real.
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