O presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalizou ontem com a equipe econômica novas medidas de desoneração tributária para anunciar hoje, durante reunião com empresários. O governo mantém a firme posição de conter, no que for possível, uma desaceleração mais forte da economia no próximo ano. A meta de sustentar o crescimento em 4% não é aleatória e será perseguida "a todo custo" para impedir que os ganhos sociais e de geração de empregos alcançados em 2007 e 2008 sejam deteriorados pelos impactos da crise financeira, que atingiu sua fase aguda a partir de setembro.
Além de 30 participantes de diversos segmentos econômicos, participarão do encontros os ministros Guido Mantega (Fazenda), Dilma Rousseff (Casa Civil), Paulo Bernardo (Planejamento) e Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior). Entre os representantes de grupos privados estarão o presidente da Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, o presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, e o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider.
O governo está sensível às reivindicações para a garantia dos empregos e da atividade econômica. O ponto central é a desoneração tributária de impostos como o de renda para pessoas físicas e jurídicas, dos que incidem sobre as operações financeiras, como o IOF, e da produção, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), embora medidas pontuais de preservação do nível de emprego não estejam descartadas.
Ao longo desta semana, foram fortes os boatos em torno de propostas que, do ponto de vista das empresas, poderiam ser adotadas para evitar demissões. Uma delas seria a suspensão temporária do pagamento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), para liberar capital de giro para as empresas. A proposta, no entanto, não teve boa receptividade. "Trata-se de uma medida que segue a lógica do governo de garantir capital de giro para as empresas, além de contornar o problema do crédito", reconheceu uma fonte do Planalto. "Mas o que o governo pode fazer de melhor para manter o emprego é garantir a manutenção da atividade econômica."
A abordagem do governo "é macro", segundo essa fonte. O raciocínio de Lula é que a causa da geração de mais de 8 milhões de empregos ao longo de seu governo foi o crescimento econômico. "A idéia central é manter a atividade econômica aquecida."
A estratégia do governo para mapear as medidas que garantam a atividade econômica foi discutida ontem pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, com os dirigentes das centrais sindicais. O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Arthur Henrique da Silva Santos, informou que o ministro da Fazenda disse que vai anunciar, nos próximos dias, mudanças no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). Segundo Santos, Mantega disse que as medidas ainda precisam do aval do presidente Lula.
Frustração – O sindicalista disse que as centrais saíram frustradas do encontro, porque esperavam uma decisão sobre o IRPF ainda ontem. O governo, segundo o sindicalista, se comprometeu com o reajuste da tabela do IRPF em 4,5%, mas os sindicatos querem no mínimo a correção pela inflação. As centrais também reivindicam mudanças nas alíquotas do imposto.
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