Laura Naime
Uma velha conhecida andou assustando os brasileiros no primeiro semestre deste ano. Impulsionada pela alta dos alimentos, a inflação registrou suas maiores taxas em cinco anos e levou produtos como arroz e feijão a acumularem altas superiores a 30% desde janeiro. Então, em julho, o dragão começou a amansar.
As taxas de inflação, que vinham numa escalada, passaram a apontar para baixo. O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M, a "inflação do aluguel"), que havia chegado a 1,98% em junho - maior taxa desde fevereiro de 2003 – caiu no mês seguinte. Em agosto, despencou: mostrou deflação pela primeira vez em mais de dois anos, com variação negativa de 0,32%.
A recente escalada de preços veio apoiada no crescimento acelerado dos países emergentes, que levaram os preços internacionais das commodities – petróleo, produtos agrícolas e metais – a altas históricas. Seu recuo, agora, está assentado nos mesmos itens. Mas, dizem os especialistas, desta vez os responsáveis são os países desenvolvidos, com os Estados Unidos na liderança.
"Há uma desaceleração da economia americana, o que gera alguma incerteza com relação à economia mundial", diz Patrícia Vance, economista da Fundação Instituto de Administração (FIA). "Se por um lado houve aceleração da inflação pelas economias emergentes, por outro tem a economia dos EUA em queda, que influencia o mundo."
E com os maiores do mundo consumindo menos, os preços tendem a caminhar para baixo. "O preço cai pela expectativa de que o consumo vai ser menor", explica Fabio Romão, economista da consultoria LCA. "Estamos vivendo hoje o final do ciclo de crescimento econômico", diz.
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